segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Alegoria de 'Dogville' chega ao palco do Rio de Janeiro

A premissa do filme Dogville, do cineasta dinamarquês Lars von Trier, de 2003, é - após o barulho de tiros à distância - a chegada repentina da misteriosa e paradoxal personagem Grace (interpretada por Nicole Kidman) na cidade fictícia Dogville. Tom, um habitante local, oferece ajuda à recém-chegada para tentar inclui-la na comunidade. Por ora, essa "vila canina" ainda não mostrou seus dentes.

Quando escrevo literatura, penso com insistente frequência no território de Dogville - seu espaço cênico é uma espécie de mapa (da pequena cidade "nas montanhas rochosas dos Estados Unidos") composto por plantas baixas minimalistas marcando ruas e residências; uma espécie de mapa desenhado em branco, giz?, no chão negro: onde atores-personagens aparecem inseridos.
Dentro da cenografia radical, dentro do estilo particular, a arte escancara-se arte: a proposta de Lars von Trier, subvertendo verossimilhanças, quebra imediatamente qualquer expectativa de encontrarmos, na tela, um espelho perfeito da plateia; ao mesmo tempo, em contexto ficcional, emergem os sentimentos mais humanos e contraditórios possíveis, emergem situações presentes em nossa vida e sociedade.
Compaixão e raiva; melancolias, ambições; relações de trabalho, difíceis decisões coletivas; proteção e punição; estupros, vinganças e assassinatos.
Pensar na cidade Dogville, durante páginas em preenchimento, está relacionado, suponho, às diferentes perspectivas - incontornáveis - entre autor e personagens e, a posteriori, leitores.
Há, no jogo narrativo, sombras e luzes que, simultâneas, revelam-se e escondem-se para um ou para outro. Elementos que podem funcionar feito as marcações delimitando ambientes (que existem, mas não existem): onde pessoas (que respiram, mas não respiram) aparecem inseridas.
Zé Henrique de Paula, diretor da adaptação brasileira para o teatro deDogville, que estreia hoje no Rio de Janeiro, no Teatro Clara Nunes (e em São Paulo, no Teatro Porto Seguro, em 25 de janeiro de 2019), é arquiteto de formação. Para manter o impacto da cenografia, segundo o diretor, "o ponto de vista foi quase invertido". Ao passo que o filme flerta com a linguagem teatral, Zé Henrique foi instigado por Felipe Lima, idealizador do espetáculo, a "fazer com que o espectador assistisse a uma peça que flertasse com a linguagem cinematográfica."
Há, portanto, diversos instantes em que determinados atores - incorporando certa estética rudimentar, através do figurino opaco, espesso, desbotado - contracenam com projeções pré-filmadas; ou instantes em que captações ao vivo, por exemplo, exibem closes concomitantes aos acontecimentos do palco.

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