segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sobreviventes de ataques terroristas em Barcelona e Cambrils revivem trauma um ano depois


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Rubén Guiñazu, sobrevivente do atentado terrorista na Catalunha, fala sobre sua recuperação em entrevista coletiva na quinta-feira (16), véspera do primeiro aniversário do ataque — Foto: Josep Lago/AFPPara Rubén Guiñazu, de 55 anos, o próximo sábado será como seu primeiro aniversário, após ter sobrevivido a uma facada no duplo atentado em 2017 na Catalunha. Ana Cortés não teve ferimentos, mas o horror que viveu a persegue um ano depois.Rubén Guiñazu, sobrevivente do atentado terrorista na Catalunha, fala sobre sua recuperação em entrevista coletiva na quinta-feira (16), véspera do primeiro aniversário do ataque — Foto: Josep Lago/AFP
"Neste sábado completarei um ano de vida", declara Rubén. A afirmação é surpreendente para este senhor de cabelos grisalhos e barba bem aparada se não fosse pelo fato de que na madrugada de 17 para 18 de agosto teve uma faca cravada no rosto na cidade costeira de Cambrils (nordeste da Espanha).
Horas antes, 120 km a nordeste dali, uma van passou ao lado de Ana Cortés antes de se lançar sobre a multidão que passeava naquela tarde de agosto pelas turísticas Ramblas de Barcelona, deixando um rastro de sangue em sua passagem.
Policiais são vistos próximos a van envolvida em ataque em Las Ramblas, em Barcelona — Foto: AP Photo/Manu Fernandez"Vi a van passar a meio metro de mim e dali já vi tudo, tudo o que fez... As pessoas voavam como se fossem bonecos quebrados, fiquei paralisada, tinha muita gente sangrando no chão", lembra Cortés, as palavras interrompidas pela emoção.Policiais são vistos próximos a van envolvida em ataque em Las Ramblas, em Barcelona — Foto: AP Photo/Manu Fernandez
As vidas dos dois ficaram marcadas pelo duplo atentado reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que tirou a vida de 16 pessoas e feriu mais de uma centena.
Um ano depois, a lembrança daquele dia continua viva em Rubén. Ele passava férias em Cambrils, às margens do Mediterrâneo, acompanhado da namorada, Núria Figueras.
Tinham acabado de sair de uma casa onde tocava música ao vivo quando o carro com os cinco terroristas bateu em uma blitz da polícia e eles deixaram o veículo armados com facas e facão para atacar quem, como Rubén, estivesse pelo caminho.
"Não lembro de nada do agressor, só vi que me esfaqueou. Deixou a faca cravada no rosto, entrou 15 centímetros. Cortou minhas amídalas, carótidas, cordas vocais, a língua..."
"Tirei a faca do rosto e começou a sangrar muitíssimo, era difícil respirar. Sinceramente, pensei que ia morrer", continua.
Pessoas fogem do local do ataque terrorista em Las Ramblas, Barcelona — Foto: Oriol Duran/ AP PhotoMas ele não morreu: a ajuda rápida de outros pedestres que contiveram a hemorragia e uma cirurgia de seis horas salvaram sua vida.Pessoas fogem do local do ataque terrorista em Las Ramblas, Barcelona — Foto: Oriol Duran/ AP Photo
Agora, uma grande cicatriz na bochecha direita lembra o vivido. Ele recuperou a voz, mas ficou com o lábio superior um pouco caído, não consegue fechar completamente a pálpebra direita e perdeu o paladar.
Mas, diz com otimismo, "nasci de novo e aqui estamos".
Mulheres feridas recebem tratamento após atentado com uma van que foi usada para atropelar diversas pessoas nas Ramblas de Barcelona — Foto: Oriol Duran/AP"Continuo correndo"Mulheres feridas recebem tratamento após atentado com uma van que foi usada para atropelar diversas pessoas nas Ramblas de Barcelona — Foto: Oriol Duran/AP
No caso de Ana Cortés, seus ferimentos não são visíveis, mas ainda doem.
Há um ano ela não pisa nas Ramblas, o passeio onde esperava naquela tarde uma amiga com quem tinha marcado. A van passou a alguns centímetros dela antes de prosseguir rua abaixo, atropelando dezenas de pessoas.
A Polícia isolou a área e ela se escondeu no metrô, mas, com os boatos de uma possível bomba, teve que deixar a estação.
Os sobreviventes dos atentados terroristas da Catalunha Núria Figueras (esquerda), Rubén Guiñazu (esquerda) e Ana Cortés (centro) e o sobrevivente e conselheiro da Unidade de Atenção e Avaliação para Afetados pelo Terrorismo Robert Manrique (de pé) durante entrevista coletiva na quinta-feira (16), véspera do primeiro aniversário do ataque — Foto: Josep Lago/AFP"Saímos correndo", lembra.Os sobreviventes dos atentados terroristas da Catalunha Núria Figueras (esquerda), Rubén Guiñazu (esquerda) e Ana Cortés (centro) e o sobrevivente e conselheiro da Unidade de Atenção e Avaliação para Afetados pelo Terrorismo Robert Manrique (de pé) durante entrevista coletiva na quinta-feira (16), véspera do primeiro aniversário do ataque — Foto: Josep Lago/AFP
"Ainda vejo imagens, [tenho] ataques de ansiedade, ando pela rua olhando para todos os lados, se vejo gente correndo ou gritando, tenho ataques de ansiedade...".
"A pessoas me dizem uma coisa que eu sei muito bem: 'você teve muita sorte, tem que seguir adiante, você não teve nada'", explica. "Mas eu tenho, sim, tenho ferimentos internos, que não se veem, mas que demoram muito a sarar".
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Veja como foi o ataque na Rambla em detalhes

Os ataques

Em 17 de agosto de 2017, às 16h30 locais, uma van foi lançada contra as pessoas que caminhavam pelas Ramblas, uma via de pedestres muito conhecida de Barcelona, dando início a quatro dias de terror que os investigadores ainda tentam explicar, e os sobreviventes, superar.
 Younes Abouyaaqoub, suspeito de conduzir a van que atropelou pedestres na Rambla, em Barcelona — Foto: Reprodução/Twitter/Mossos Younes Abouyaaqoub, suspeito de conduzir a van que atropelou pedestres na Rambla, em Barcelona — Foto: Reprodução/Twitter/Mossos
Depois de atropelar várias pessoas, o motorista identificado como Yunes Abouyaaqoub, um marroquino de 22 anos, abandonou o veículo e desapareceu em meio à multidão em um mercado.
Depois, roubou outro veículo e matou o homem que o conduzia.
Quando foi abatido pela Polícia depois de quatro dias de fuga, havia matado 15 pessoas de nove nacionalidades diferentes, entre elas um australiano de 7 anos e um espanhol de 3, e ferido mais 100.
Cinco de seus cúmplices o imitaram na madrugada de 18 de agosto, atropelando pedestres na localidade balneária de Cambrils, sul de Barcelona, e depois os atacando com facas.
Policial durante operação em Cambrils, na Espanha — Foto: REUTERS/StringerPolicial durante operação em Cambrils, na Espanha — Foto: REUTERS/Stringer
Policial durante operação em Cambrils, na Espanha — Foto: REUTERS/Stringer
Uma mulher morreu esfaqueada. Os agressores foram abatidos pela Polícia. Tinham 17, 19 e 24 anos.
Os investigadores reconstruíram os atentados, mas ainda buscam estabelecer se a célula extremista, da qual três membros estão na prisão, tinha efetivamente ligação com o grupo Estado Islâmico (EI), que reivindicou os ataques.
O que foi estabelecido é que Abdelbaki Es Satty, um marroquino de 44 anos que esteve preso por tráfico de drogas, era imã em Ripoll, uma pequena população no sopé dos Pirineus, e doutrinou inúmeros jovens, em sua maioria imigrantes marroquinos de segunda geração.

Sem conexão

O imã morreu em 16 de agosto junto a outro membro da célula de 22 anos, em uma explosão acidental quando preparavam explosivos para um atentado de envergadura muito maior.
A catedral da Sagrada Família, o Camp Nou do FC Barcelona e uma discoteca gay eram possíveis alvos desse atentado.
A destruição dos explosivos levou os jovens terroristas a improvisarem os atentados com atropelamentos coletivos, semelhantes aos de Nice, na França, em 14 de julho de 2015 (86 mortos) e outras cidades europeias.
Além das semelhanças e do fato de que o imã deixou um texto em nome dos "Soldados do Estado Islâmico", os investigadores tentaram em vão saber se a célula de Ripoll teve contatos no exterior e se receberam instruções de fora.
Nos 18 meses precedentes ao ataque, alguns membros do grupo viajaram para Suíça, França, Bélgica e Marrocos.
Policial abraça família em frente ao memorial em memória das vítimas do ataque em Las Ramblas, em Barcelona — Foto: AP Photo/Santi Palaciosmblas, em Barcelona — Foto: AP Photo/Santi Palacios
Policial abraça família em frente ao memorial em memória das vítimas do ataque em Las Ramblas, em Barcelona — Foto: AP Photo/Santi Palacios
"Em nenhuma das linhas de investigação que temos até a presente data, encontramos de forma concreta um elemento catalisador externo dos atentados", disse à AFP o tenente-coronel Francisco Vázquez, da Guarda Civil espanhola.

Sombra de secessão

As vítimas e os sobreviventes se negam, em sua maioria, a evocar os fatos.
Javier García, pai do pequeno Xavi de 3 anos morto nas Ramblas, queixou-se em uma recente entrevista à televisão catalã que os jornalistas "não deixaram os sobreviventes viverem seu luto".
A dor das vítimas foi rapidamente ofuscada pela recente tentativa de separatismo da Catalunha, em outubro passado, depois de um referendo de autodeterminação ilegal marcado pela violência policial.
Memorial no local onde uma van atropelou pessoas em Las Ramblas, em Barcelona, na Espanha — Foto: REUTERS/Susana VeraA necessidade de respeitar as vítimas nesta data parece ter estabelecido uma trégua entre o governo central e os separatistas catalães.Memorial no local onde uma van atropelou pessoas em Las Ramblas, em Barcelona, na Espanha — Foto: REUTERS/Susana Vera
As organizações separatistas pediram para que não houvesse protestos contra a presença nas cerimônias pelo aniversário dos atentados na sexta-feira, em Barcelona, do rei Felipe VI, a quem o presidente catalão Quim Torra deixou claro que não era bem-vindo.
A tensão com Madri marcou a investigação na Catalunha, onde a Polícia Nacional, a Guarda Civil e a polícia regional, os Mossos d'Esquadra, são igualmente competentes em termos de terrorismo.
"A rivalidade, a desconfiança e o cruzamento de acusações entre elas representam, sem dúvida, a nota mais negativa, além das vítimas causadas pelo próprio atentado", indicou o Observatório Internacional de Estudos sobre Terrorismo, um centro de estudos privado.
Ataque terrorista em Barcelona  — Foto: Arte/G1Ataque terrorista em Barcelona  — Foto: Arte/G1
Ataque terrorista em Barcelona — Foto: Arte/G1

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